Em frente ao teatro Castro Mendes, fechado há cinco anos, os artistas de diversos grupos de Campinas se reuniram na noite de quinta-feira, 15 de março, para um manifesto contra os problemas da cidade, especialmente na área cultural. O Castro Mendes e a praça em frente ao teatro foram escolhidos para simbolizar o cenário atual de abandono.
Na avaliação dos organizadores, o saldo da “desinauguração”, como foi batizado o movimento, foi positivo. “Tivemos muito apoio da imprensa e da população. Moradores do entorno participaram e até os motoristas foram solidários quando viam do que se tratava”, informou uma das integrantes do movimento e produtora executiva do Lume Teatro, Daniela Scopin Ribeiro. Segundo ela, cerca de 250 pessoas estiveram no ato, que foi interrompido brevemente por causa da chuva e retomado em seguida.
Diversos grupos artísticos fizeram apresentações e distribuiram folhetos à população. Os artistas buscam chamar a atenção do poder público e dos habitantes da cidade sobre a “situação de calamidade não apenas no setor da cultura, mas em todos os setores públicos da cidade”, conforme resume a produtora.
O Levante Cultura, um movimento que reúne os mais diversos grupos artísticos de Campinas, questiona os investimentos na reforma do teatro, que está em andamento desde 2010 (com duas paralisações da obra neste período por problemas com a empresa que faz o serviço), e apontam outros problemas. “Uma das grandes reivindicações é que os cargos da secretaria de Cultura deixem de ser ocupados por meio de negociações políticas, mas por pessoas que tenham conhecimento da área e sejam preparadas”, argumenta Daniela.
Além do Castro Mendes, outro teatro público fechado por falta de condições estruturais para abrigar espetáculos é o Centro de Convivência Cultural. Diante deste cenário, os artistas estão sem espaços para trabalhar. “Campinas tem grupos de diferentes linguagens artísticas reconhecidos internacionalmente, que viajam o país inteiro, e fazem pouquíssimas apresentações em Campinas. O Lume já viajou para 26 países. A cidade já foi referência em teatro e a gestão pública foi minando isso. Hoje é o oposto”, argumenta Daniela.
Mais atrasos?
Enquanto a manifestação era realizada em frente ao Castro Mendes, na noite de quinta (15), a prefeitura informava que o secretário chefe de Gabinete, Alcides Mamizuka, solicitou às secretarias municipais de Infraestrutura e Negócios Jurídicos um resumo do histórico da reforma do teatro, com os principais dados e a atualização das negociações com a construtora responsável pela obra, e que as informações levantadas até o momento começam a apontar para a necessidade de desfazer o vínculo com a empresa e realização de nova licitação, “mesmo lamentando o atraso que isso possa causar à conclusão da reforma”. O último prazo para a entrega da obra era ainda no primeiro semestre de 2012.
“Estamos analisando toda a documentação da obra mas, agora que a construtora está pedindo um aditamento no prazo de entrega e no custo, pode ser o momento para revermos todo o processo”, informou. Sobre o atraso anterior na entrega, ele disse que isso só ocorreu por causa dos erros do processo, e que os prazos estabelecidos anteriormente eram fictícios.
Até hoje, de acordo com a prefeitura, 72,7% da obra foram realizados, ao custo de R$ 5,3 milhões. A construtora pediu um aditamento no valor de R$ 2,9 milhões garantindo que, se o dinheiro a mais fosse disponibilizado, a obra seria concluída até junho deste ano. O valor seria necessário para sanar os erros de concepção, como a incompatibilidade entre os vários projetos feitos de maneira independente. O aditivo está em análise na secretaria de Assuntos Jurídicos.
O Teatro Castro Mendes começou a ser reformado em junho de 2010 e deveria ser entregue, com todas as obras concluídas, em 12 meses, ao custo total de R$ 7,4 milhões.
Em relação ao Centro de Convivência, a assessoria de imprensa da prefeitura de Campinas informou que está em fase de elaboração do projeto de reforma e captação de recursos junto aos governos estadual e federal, e iniciativa privada, já que a prefeitura não tem verbas para fazer a obra. O valor da reforma ainda não foi definido. A expectativa é de que os trabalhos sejam iniciados ainda este ano.
Com informações da assessoria de imprensa da prefeitura de Campinas
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