A prospecção de um “pré-sal musical” de ritmos que dividem a matriz africana com o samba, mas seguem ignorados na produção atual: essa é a proposta de “Cultura de Existência”, primeiro álbum de Diogo Nazareth, que será lançado com agenda de shows em São Paulo em novembro, mês da Consciência Negra. Em Campinas serão duas apresentações gratuitas, uma no teatro do Sesi Amoreiras no dia 8 de novembro, às 20h, e outra no dia 15 de novembro, na Estação Cultura, às 17h, como parte da agenda oficial da Prefeitura para o Mês da Consciência Negra.
Formado em Piano Popular pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) em 2014, o músico de 30 anos apresenta um trabalho totalmente autoral composto de 12 faixas, unindo toques do ritual da nação Ketu, que envolvem atabaques e agogôs, com as técnicas de composição europeias.
“Na prática, fundimos o sotaque do Aguerê, o Alujá, o Ijexá, o Ilú de Inhansã, com a formação típica do regional de Choro: violão de sete cordas, violão de seis cordas, cavaco e/ou bandolim. Ou seja, instrumentos harmônico-melódicos que abrem as possibilidades do emprego de técnicas eruditas de composição para o tratamento desses ritmos desconhecidos do grande público”, explica Nazareth. A junção desses universos constitui o centro estético do disco, complementado por linhas em naipe de sopros e participações de viola caipira.
A produção é parceria de Nazareth com Eduardo Balbino, o Dj Duh (que também trabalha com Emicida, Vanessa da Matta e Gabi Amarantos), que deu o tratamento comercial ao álbum e contribuiu para a levada urbana que o autor quis imprimir com a batida eletrônica do Hip-hop. Como produtor, Nazareth também incluiu toques sagrados das casas de Candomblé, ressaltando a religiosidade que permeia não apenas seu trabalho, mas sua trajetória acadêmica e sua vida pessoal.
As letras fazem a conexão dos ritos com os enfrentamentos cotidianos da população negra, em críticas sociais contextualizadas na cultura de resistência – que, aliás, é um paralelo traçado pelo próprio título do álbum.
A banda de “Cultura de Existência” é formada por nove músicos, além de Nazareth. A concepção do arranjo do disco é a divisão em naipes, seguindo técnicas orquestrais de composição. No naipe de cordas dedilhadas estão Eduardo Pereira no cavaco, violão e bandolim; Matheus Crippa no violão de sete cordas e viola caipira e o próprio Nazareth no violão de sete cordas. O grupo é formado ainda por Cris Monteiro, Adriel Job e Bruno Sotil, no naipe das percussões; Edmar Pereira e Fernando Goldenberg, no naipe dos metais, e Graciela Soares e Yandara Pimentel, nos backing vocals.
“Cultura de Existência” foi selecionado e beneficiado pelo ProAC do Governo do Estado de SP. Para o show do dia 15 também conta com o apoio da Prefeitura de Campinas, por meio do Fundo de Investimentos Culturais de Campinas (FICC) da Secretaria da Cultura.
Crédito: divulgação
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