Atualizado em 5 de março
O segundo dia de desfiles das escolas de samba de Campinas no sambódromo instalado pela primeira vez na Estrada dos Amarais voltou a reunir milhares de foliões na noite desta segunda-feira de Carnaval (3). O público foi chegando desde o início da noite para assistir as apresentações das cinco agremiações, a Princesa de Madureira, Rosa de Prata, Unidos da Vila Rica, Renascença e Leões da Vila Padre Anchieta, que desfilaram pela nova avenida do samba. Houve um atraso de aproximadamente uma hora no início do desfile. Nem o vento frio atrapalhou a festa, que até meia-noite tinha atraído cerca de 24.500 pessoas para o sambódromo, de acordo com o levantamento da secretaria de Cultura.
A festa foi aberta por volta das 20h com a Rainha, Rei Momo e princesas do Carnaval, seguidos do bloco Afoxé Omi Alado. A primeira escola a desfilar foi a Princesa de Madureira, do Parque Oziel. Com o tema “Princesa da Madureira Viaja na Magia do Circo”, a agremiação, fundada em 1997, reuniu cerca de 290 componentes na avenida, várias crianças com fantasias coloridas de palhaços. O público ainda ia chegando ao sambódromo na passagem da escola.
A segunda a se apresentar foi a tradicional Rosa de Prata, da Vila Castelo Branco. Três vezes campeã no Carnaval de Campinas e vencedora em 2011, último ano em que houve competição entre as agremiações, a escola fez com que as arquibancadas ficassem lotadas e empolgou o público já no início do desfile. Com o enredo “Mulheres Negras Guerreiras e Suas Descendentes”, a escola trouxe nove mulheres na comissão de frente com uma coreografia bem ensaiada, assim com uma das alas, também coreografada. Trouxe ainda três carros alegóricos e o maior número de componentes: 650.
A Unidos da Vila Rica perfumou a avenida do samba. Contando a história do “Perfume, essência divina. Dos tempos mais remotos, ao glamour da França até o Brasil. A Vila Rica perfuma a avenida com samba de Campinas”, uma ala de componentes borrifava perfume ao longo do percurso. Com 350 componenentes, a terceira escola a desfilar é a segunda mais antiga de Campinas (a primeira é Estrela D’Alva). Foi fundada em 1966 e parou por 20 anos, entre 1988 e 2008, ficando em segundo lugar entre as escolas pleiteantes em 2011.
A penúltima escola a se apresentar na passarela do samba, a Renascença, da Vila 31 de Março, trouxe como tema a aviação, lembrando Santos Dumont no enredo “Decolando com a Renascença”. Com cerca de 390 componentes, a escola teve como principais destaques um dos componentes da comissão de frente, que dava vários saltos mortais na avenida. A escola teve problemas com o carro-abre alas no final do desfile, que parou na avenida e precisou ser retirado com um guincho.
A Leões da Vila Padre Anchieta fechou os desfiles do Carnaval 2014 em Campinas com chave de ouro. Com o enredo “Nordeste: terra natal do cangaço, berço da diversidade cultural, nosso maior patrimônio imaterial”, a escola abusou dos elementos nordestinos na avenida, iniciando com a bela comissão de frente formada pelos personagens de “O Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna, interpretando a obra na avenida. As alas trouxeram a literatura de cordel, o frevo, as festas juninas, as fitinhas de Nosso Senhor do Bonfim, Lampião e Maria Bonita, com destaque para a bateria sendo acompanhada por um sanfoneiro. O forró se misturou ao samba em pleno Carnaval, com direito a uma coreografia dos ritmistas. A escola levou cerca de 350 componentes e três carros alegóricos para a avenida.
Após os desfiles, dois trios elétricos com as bandas Axé Blond e Kebradeira arrastaram o público pela passarela do samba. A festa continua nesta terça de Carnaval (4) novamente com os trios elétricos.
Já a apuração dos desfiles está marcada para quinta-feira (6) no ginásio de esportes Rogê Ferreira, no bairro São Bernardo, a partir das 14h. Dez jurados foram responsáveis por avaliar 10 quesitos.
Repercussão
Pela primeira vez realizado na Estrada dos Amarais, o Carnaval de Campinas levou muitos moradores dos bairros localizados no entorno para a nova passarela do samba. “É ótimo o Carnaval aqui, melhor do que no túnel”, disse a atendente Wélhia Pereira de Souza, de 24 anos, moradora do Jardim Campineiro e que, ao lado de um animado grupo de amigos e vizinhos formado por cerca de 10 pessoas, acompanhou todos os dias da festa. A chefe dela, a gestora Nélia Lopes, de 42 anos, é de São Paulo, mas preferiu conferir o Carnaval campineiro. “Podia ter ido pra lá, mas está muito bom aqui”, disse.
O presidente da Liga das Escolas de Samba de Campinas (Lesca), Edson Jóia, disse que o novo local ficou longe de outras regiões da cidade. “Componentes mais antigos também não quiseram desfilar por causa do cemitério (que fica próximo ao local). A avaliação é boa, mas é preciso fazer alguns ajustes. Meu sonho é ter um sambódromo na Estação Cultura”, disse.
Para o secretário de Cultura, Ney Carrasco, o novo local do Carnaval em Campinas se mostrou eficiente e seguro. “Não tem morador em volta, dá para policiar bem as entradas e saídas do público, há facilidade de acesso das linhas de ônibus e não houve nenhuma ocorrência séria. O local foi aprovado”, afirmou. O secretário disse que ainda há muito a ser feito e que o local pode vir a se transformar no futuro em um espaço definitivo para o Carnaval, mas ainda será feito um balanço para avaliar a festa. Carrasco ressaltou que também houve esforços das escolas, que não contam mais apenas com a verba da prefeitura para realizarem seus desfiles, e que a qualidade das apresentações melhorou muito.
Também acompanharam os desfiles o vice-prefeito, Henrique Magalhães Teixeira, e o diretor de Cultura, Gabriel Rapassi.
Balanço
A secretaria de Cultura divulgou que o público estimado durante toda a noite de segunda de Carnaval e madrugada da terça foi de 28 mil pessoas que passaram pelo sambódromo. Foram recolhidas 8 toneladas de lixo, sendo 80% reciclável.
Ônibus depredados
A Associação das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Campinas (Transurc) informou que durante o Carnaval em Campinas foram depredados 22 ônibus. Só na última noite, na madrugada de terça (4) para esta quarta-feira de Cinzas (5), 14 ônibus foram alvos de vandalismo. Doze veículos operam na área 3 do sistema InterCamp e tiveram janelas e alçapão do teto arrancados, câmeras de monitoramento danificadas, bancos quebrados ou rasgados, entre outros danos. A empresa VB Transportes e Turismo fez boletim de ocorrência na manhã desta quarta.
Como os danos foram grandes, a empresa não tem peças suficientes para troca, e por conta do feriado, novas peças de reposição só poderão ser compradas na quinta (6) para o conserto dos veículos. Com isso, algumas linhas, como a 316, 317, 330, 331, 332 e 332, devem ter menos veículos circulando no dia 5 de março. “Somente nessa área a empresa teve um prejuízo de R$ 30 mil nessa madrugada. Porém, é lamentável que a população seja prejudicada por conta do vandalismo”, afirma Paulo Barddal, diretor da Transurc, à qual a concessionária é associada.
Outros dois veículos foram depredados na área 1, que faz a região do Ouro Verde. Os ônibus das linhas 134 e 179 tiveram as janelas e câmeras arrancadas. O prejuízo é de R$ 10 mil nessa área.
Ao todo, os quatro dias de folia somam R$ 67,85 mil de prejuízo no total.
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